Ações Coletivas de Segurança podem funcionar?

Olá, todos:

Desde a criação da Sajape, há 17 anos,e da Sababv, há mais de 30 anos, já tentamos inúmeras formas de ação para enfrentar o problema de falta de segurança, com diferentes capitães, delegados e secretários.

Desde a "novidade" do Policiamento Comunitário, que seria custeado pelos moradores e que era "vendido" como grande oportunidade de coparticipação entre a sociedade e as autoridades, até a intensificação das rondas preventivas, que invariavelmente sumiam depois de algum tempo, e, mais recentemente, o "promissor" programa "Vizinhança Solidária", criado pela PM, que nunca o colocou plenamente em prática, foram frustrações sucessivas e um enorme desgaste individual e coletivo.

Infelizmente, na área de segurança pública, as autoridades não conseguem – ou não querem – colocar planos em prática. E ainda que quisessem, as rondas não podem estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Obviamente, os bandidos se valem disso.

A visita de autoridades, que já recebemos inúmeras vezes, serve apenas para tentar acalmar os ânimos, mostrar como nossos governos são "democráticos", apresentar estatísticas e criar expectativas que nunca se cumprem. Não levam a nada. Quem já frequentou as reuniões do Conseg sabe bem do que estamos falando.

Hoje temos a convicção de que somente teremos alguma melhora nessa situação com ações preventiva baseadas na comunidade, e procurando uma forma de melhor comunicação com a polícia. Exemplos existem.

Há duas semanas recebemos um grupo de moradores do Morumbi, que, cansados do descalabro no famoso "ladeirão", reuniram-se e colocaram em prática um programa desse tipo. É claro que a situação deles é muito mais grave do que a nossa, porque os traficantes dominam a população de Paraisópolis e inibem a polícia. Mas o projeto é bom, e estamos organizando grupos para adaptá-lo à nossa situação e ampliar os dois programas que já temos nos nossos bairros: o "Amigos do Quadrilátero", que divulga ocorrências para que cada morador fique a par do modus operandi dos bandidos e possa se precaver; e o "Meu vizinho está de olho", que reúne grupos de cerca de dez imóveis vizinhos, para instalar equipamentos de segurança, manter contato, alertar para situações suspeitas e apoiar em caso de ocorrências criminosas.
               
No entanto, esses programas também só farão efeito se os moradores se dispuserem a colocar em prática ações coletivas, inclusive concordando em custear câmeras, holofotes e monitoramento. E todos sabemos que muitos de nossos vizinhos são pessoas individualistas, que cobram ações dos governos e das próprias associações de moradores, mas não se mobilizam nem se dão conta de sua própria responsabilidade em relação à qualidade do bairro em que vivem.  

Mas o caminho é esse. E está sendo programada uma reunião aberta a todos os moradores, para que possamos dar andamento a um programa de segurança baseado na comunidade que envolva também as escolas, as igrejas e outras instituições que existem em nossos bairros, e que coloque em prática diversas medidas, como intervenções viárias, melhoria da iluminação pública e mudança de atitude dos próprios moradores – que, com medo, hoje se refugiam em casa, deixando livre o caminho para a ação de criminosos.

Precisamos ocupar nosso espaço nas ruas, nas praças e nos parques, precisamos povoar nossas calçadas com moradores que caminham com seus cachorros, mães que passeiam com suas crianças, idosos que gostam de tomar sol. Precisamos agir coletivamente. 

Tão logo o local da reunião esteja definido, todos os moradores serão informados. Juntos, havemos de encontrar a melhor forma de proteger nossos bairros e nossas famílias. Com essa atitude, talvez tragédias como a deste domingo não se repitam em nossos bairros.

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